A interseccionalidade como possível caminho à compreensão da fragilidade do código inclusão/exclusão na teoria dos sistemas: uma análise a partir da biografia de Katherine Johnson

Larissa Faria de Souza; Rafael Lazzarotto Simioni

doi:10.21713/rbpg.v19i40.1980

A interseccionalidade como possível caminho à compreensão da fragilidade do código inclusão/exclusão na teoria dos sistemas uma análise a partir da biografia de Katherine Johnson

Resumo

A partir da biografia de Katherine Johnson, cientista espacial vinculada à Agencia Espacial Americana, este artigo busca analisar a forma inclusão/exclusão nas organizações, com base na Teoria dos Sistemas de Niklas Luhmann, suscitando, para tanto, discussões acerca da perspectiva feminista intersecional como um caminho possível à compreensão da fragilidade na teoria luhmanniana, que não explica o porquê – ainda que detenham os meios de inclusão e mesmo que sejam membros da organização – mulheres, sobretudo mulheres negras, são excluídas. Opta-se pela teoria crítica feminista de vertente intersecional, na medida em que esta permite o abandono de análises simplistas e o rompimento do discurso da “mulher universal”, que desconsidera o atravessamento de opressões de raça, classe e gênero. Para tanto, por estar a pesquisa inserida no campo teórico, foi adotada a abordagem da teoria crítica feminista com a técnica de revisão literária, tendo como referencial a teórica Kimberlé Crenshaw. Como resultado, trazemos a vertente teórica feminista intersecional como possível caminho à compreensão de certa fragilidade na Teoria dos Sistemas, na medida em que esta não contempla a complexidade e a contingência da intersecionalidade, transformando a ideia da mulher em uma figura universal.

Autores

Larissa Faria de Souza Faculdade de Direito do Sul de Minas
https://orcid.org/0000-0002-0396-7458

Rafael Lazzarotto Simioni Faculdade de Direito do Sul de Minas
https://orcid.org/0000-0002-8484-4491

Biografia

Larissa Faria de Souza, Faculdade de Direito do Sul de Minas

Mestra em Direito com ênfase em Constitucionalismo e Democracia

Rafael Lazzarotto Simioni, Faculdade de Direito do Sul de Minas

Doutor em Direito Público

Referências

AGUIAR, N. Patriarcado. In: FLEURY-TEIXEIRA, E. (org.). Dicionário feminino da infâmia. Rio de Janeiro: Editora Fundação Oswaldo Cruz, 2015. p. 148.
BACHUR, J. P. A inclusão e exclusão na teoria dos sistemas: um balanço crítico. BIB, São Paulo, n. 73, 2012.
BACHUR, J. P. A teoria dos sistemas sociais de Niklas Luhmann. Revista da Faculdade de Direito do Sul de Minas, Pouso Alegre, v. 36, n. 2, p. 77-94, jul./dez., 2020. Disponível em: https://revista.fdsm.edu.br/index.php/revistafdsm/article/view/87/86. Acesso em: 4 set. 2024.
BARALDI, C.; CORSI, G.; ESPOSITO, E. Unlocking Luhmann: a keyword introduction to systems theory. Bielefeld: Bielefeld University Press, 2021.
BOURDIEU, P. A dominação masculina. 7. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
CASTRO, M. G.; LAVINAS, L. Do feminino ao gênero: a construção de um objeto. In: COSTA, A. de O.; BRUSCHINI, C. (org.). Uma questão de gênero. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1992. p. 216-251.
CRENSHAW, K. A interseccionalidade na discriminação de raça e gênero. In: VV.AA. Cruzamento: raça e gênero. Brasília: Unifem, 2004. p. 7-164.
CRENSHAW, K. Documento para o Encontro de Especialistas em Aspectos da Discriminação Racial Relativos ao Gênero. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 171-188, jan. 2002.
FERNANDES, F. A família patriarcal e suas funções econômicas. Revista USP, São Paulo, n. 29, p. 74-81, 1996. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/25622. Acesso em: 4 set. 2024.
GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo: Unesp, 1991.
HOOKS, B. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. 3. ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018.
HOOKS, B. Teoria feminista: da margem ao centro. São Paulo: Perspectiva, 2019.
JOHNSON, K. Reaching for the moon: the autobiography of NASA mathematician Katherine Johnson. New York: Atheneum Books for Young Readers, 2020.
KYRILLOS, G. M. Uma análise crítica sobre os antecedentes da interseccionalidade. Revista Estudos Feministas, 2020.
KUNZLER, C. de M. A teoria dos sistemas de Niklas Luhmann. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 9, n. 16, p. 123-136, 2004. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/146. Acesso em: 4 set. 2024.
LAVINAS, L. Gênero, cidadania e adolescência. In: MADEIRA, F. (org.). Quem Mandou nascer mulher. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos Tempos, 1997. p. 464-479.
LERNER, G. A criação do patriarcado: história da opressão das mulheres pelos homens. São Paulo: Cultrix, 2019.
LUHMANN, N. Organización y decisión: autopoiesis accíon y entendimento comunicativo. Barcelona: Anthropos; Ciudad de México: Universidad Iberoamericana; Santiago de Chile: Pontificia Universidad Católica de Chile, 1997.
LUHMANN, N. Complejidad y modernidad: de launidad a la diferencia. Madrid: Trotta, 1998.
LUHMANN, N. Organizzazione e decisione. Milano: Pearson, 2005.
LUHMANN, N. La sociedad de la sociedade. Ciudad de México: Herder, 2006.
LUHMANN, N. Introducción a la teoría de sistemas: lecciones publicadas por Javier Torres Nafarrate. Ciudad de México: Universidad Iberoamericana, 2007.
LUHMANN, N. Mujeres, Hombres y George Spencer Brow. Ciudad de México: La Biblioteca, 2015.
MIGUEL, L. F.; BIROLI, F. Feminismo e política: uma introdução. São Paulo: Boitempo, 2014.
NASSEHI, A. Inklusion, Exklusion – Integration. Desintegration. Die Theorie funktionaler Differenzierung und die Desintegrationsthese. In: NASSEHI, A. (org.). Differenzierungsfolgen: beiträge zur soziologie der moderne. Opladen: Westdeutscher, 1999.
NEVES, C. E. B.; SAMIOS, E. M. B. (orgs.). Niklas Luhmann: a nova teoria dos sistemas. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 1997.
RIBEIRO, D. Quem tem medo do feminismo negro?. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
ROCHA, L. S. A verdade sobre a autopoiese do Direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009.
SAFFIOTI, H. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Perseu Abramo, 2004.
SHETTERLY, M. L. Hidden Figures: the story of the African-American women who helped win the space race. New York: HarperCollins, 2016.
SIMIONI, R. L. Curso de hermenêutica jurídica contemporânea. Curitiba: Juruá, 2014.
TELES, M. A. de A. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Alameda, 2017.
SOUZA, L. F. de; TERRA, B. de P. Feminismo interseccional: a necessidade de se pensar em gênero, raça e classe. In: SILVA, C. R. da et al. (org.). Pesquisa & sociedade: linguagens e práticas contemporâneas. Cruz Alta: Ilustração, 2021, p 36-48.
UNIVERSITÄT BIELEFELD. Niklas Luhmann-Archiv. Disponível em: https://www.uni-bielefeld.de/fakultaeten/soziologie/forschung/luhmann-archiv/. Acesso em: 20 jan. 2022.

Como Citar

FARIA DE SOUZA, L.; LAZZAROTTO SIMIONI, R. A interseccionalidade como possível caminho à compreensão da fragilidade do código inclusão/exclusão na teoria dos sistemas: uma análise a partir da biografia de Katherine Johnson. Revista Brasileira de Pós-Graduação, [S. l.], v. 19, n. 40, p. 1–19, 2024. DOI: 10.21713/rbpg.v19i40.1980. Disponível em: https://rbpg.capes.gov.br/rbpg/article/view/1980. Acesso em: 21 nov. 2024.