Mulheres nos programas de pós-graduação stricto sensu no Brasil um processo decolonial do saber
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Este artigo tem por objetivo conhecer e analisar o perfil racial e de gênero das discentes nos Programas de Pós-Graduação stricto sensu no Brasil entre os anos de 2017 e 2020, a partir dos dados disponibilizados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) com enfoque na discussão de raça e gênero aplicando a óptica da interseccionalidade. Assim, partindo desses indicadores, realizou-se um mapeamento do quantitativo de mulheres brancas, pardas e pretas que estão nesses programas. Tendo a finalidade de identificar possíveis influências de fatores relativos ao gênero e ao pertencimento racial na ocupação desse ambiente formativo, que historicamente se firmou enquanto espaço da ciência preponderantemente eurocêntrico. Para tanto, utilizou-se uma abordagem qualitativa, com revisão de literatura à luz das discussões de Crenshaw, Grosfoguel, Lugones, Maldonado-Torres, Perrot, Gonzalez, Carneiro, Bento, Santos, entre outras. Os resultados observados apontam que o conhecimento científico, a partir do viés de gênero e raça, assume, paulatinamente, um processo decolonial provocado pelas mudanças paradigmáticas acerca do papel da mulher na produção do saber acadêmico.
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Autores
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Como Citar
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