Desigualdades de gênero na carreira docente fatores intervenientes

##plugins.themes.bootstrap3.article.sidebar##

Resumo

Embora a presença das mulheres na Ciência tenha avançado ao longo dos Séculos XX e XXI, as assimetrias de gênero ainda resistem em algumas áreas. O presente estudo, realizado na Universidade Federal de Viçosa e, mais especificamente, no seu Centro de Ciências Agrárias tem por objetivo analisar os fatores que poderiam estar ocasionando a reprodução destas assimetrias no Centro de Ciências Agrárias. Realizou-se a coleta de dados secundários referentes ao perfil docente, sendo examinados: 1) o sexo dos candidatos inscritos nos concursos para a carreira do Magistério Superior; 2) a composição das bancas avaliadoras, observando-se o sexo dos avaliadores e; 3) a instituição de origem dos candidatos aprovados. Os resultados mostraram que: 1) havia diferença significativa entre o número de homens e mulheres que prestaram o concurso; 2) o sexo dos avaliadores nas bancas analisadas não revelou ser uma variável interveniente no resultado dos concursos e; 3) a origem dos candidatos inscritos mostrou-se relevante para evidenciar a diferença entre aqueles vinculados à instituição Universidade Federal de Viçosa e os de fora dela. Contudo, esta situação não se apresentou desfavorável às mulheres. Em vista disso, destaca-se a importância de que outros fatores, sobretudo aqueles relacionados ao “regime de gênero” vigorante na instituição sejam ainda investigados. Novos estudos voltados para os mecanismos pelos quais as desigualdades de gênero se reproduzem no âmbito acadêmico podem tornar mais claras as suas formas de reprodução interna.

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Autores
Biografia
Referências

AMBROSINI, A. B. A representação das mulheres como reitoras e vice-reitoras das universidades federais do brasil: um estudo quantitativo. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL DE GESTÃO UNIVERSITÁRIA, 17, 2017, Mar del Plata, Anais […]. Mar del Plata: Instituto de Pesquisas e Estudos em Administração Universitária, 2017. p. 22-24.

BENEDITO, F. de O. Intrusas: uma reflexão sobre mulheres e meninas na ciência. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 71, n. 2, p. 06-09, 2019.

BORGES, J. M.; SABIONI, G. S.; MAGALHÃES, G. F. P. A Universidade Federal de Viçosa no Século XX. 2. ed. Viçosa: Editora UFV, 2006.

BOTASSIO, D. C.; VAZ, D. V. Segregação ocupacional por sexo no mercado de trabalho brasileiro: uma análise de decomposição para o período 2004-2015. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 37, p. 1-30, 2020.

BOURDIEU, P. O campo científico. In: ORTIZ, R. (org.). Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.

BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência. Por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora UNESP, 2004.

BOURDIEU, P. A dominação masculina. 11. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

BOURDIEU, P. Homo academicus. 2. ed. Florianópolis: Editora UFSC, 2017.

BRASIL. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Banco de Metadados. 2018. Disponível em: https://metadados.capes.gov.br/index.php/catalog/118/. Acesso em: 10 dez. 2021.

BRASIL. Centro de Gestão e Estudos Estratégicos. Brasil: mestres e doutores 2019. Brasília, DF: CGEE, 2019. Disponível em: https://mestresdoutores2019.cgee.org.br. Acesso em: 20 jan. 2022.

BRASIL. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Plataforma Sucupira. Trabalhos de conclusão. 2020. Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/listaTrabalhoConclusao.jsf. Acesso em: 24 jan. 2022.

CENSON, D. et al. Trajetórias de mulheres na docência e na pesquisa em turismo. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São Paulo, v. 16, e-2468, 2022.


CHASSOT, A. A ciência é masculina? É, sim senhora! Contexto e Educação, v. 19, p. 9-28, 2004.

CONNELL, R. Gender in world perspective. Cambridge: Polity Press, 2009.

BRASIL. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Bolsas em curso. 2022. Disponível em: http://plsql1.cnpq.br/divulg/RESULTADO_PQ_102003.curso. Acesso em: 15 fev. 2022.

FREITAS, M. de A.; TEIXEIRA, A. B. M.; SILVA, D. B. M. Women teaching physics in higher education at two federal universities in Brazil. Revista Docência do Ensino Superior, Belo Horizonte, v. 11, p. 1-18, 2021.

GONZÁLEZ GARCÍA, M.; PÉREZ SEDEÑO, E. Ciencia, tecnología y género. Revista Iberoamericana de Ciencia, Tecnología, Sociedad y Innovación, Madrid, n. 2, p. 1-20, 2002.

HRYNIEWICZ, L. G. C.; VIANNA, M. A. Mulheres em posição de liderança: obstáculos e expectativas de gênero em cargos gerenciais. Cadernos EBAPE.BR (FGV), v. 16, p. 331-344, 2018.

KLEIJN, M de et al. The researcher journey through a gender lens: an examination of research participation, career progression and perceptions across the globe. Elsevier, 2020.

LARIVIÈRE, V.; HAUSTEIN, S.; MONGEON, P. The oligopoly of academic publishers in the digital era. Plos One, v. 10, n. 6, 2015.

LLORENS, A. et al. Gender bias in academia: a lifetime problem that needs solutions. Neuron, v. 109, n. 13, p. 2047-2074, 2021.

LOPES, M. de F. O sorriso da paineira: construção de gênero em universidade rural. 1995. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1995.

MAFRA, C. Perfil de produção científica dos docentes em uma instituição federal de ensino superior no Brasil. Revista Brasileira de Pós-Graduação, v. 16, n. 36, p. 1-43, 2020.

MONTEIRO, M. K.; ALTMANN, H. Ascensão na carreira docente e diferenças de gênero. Educar em Revista, v. 37, p. 1-23, 2021.

MOSCHKOVICH, M.; ALMEIDA, A. M. F. Desigualdades de gênero na carreira acadêmica no Brasil. DADOS - Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 58, n. 3, p. 749-789, 2015.

MOTTA, J. A. Mecanismos de reprodução das assimetrias de gênero no campo acadêmico: a formação universitária e a atuação profissional no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Viçosa. 2018. Dissertação (Mestrado em Extensão Rural) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2018.

OLINTO, G. A inclusão das mulheres nas carreiras de ciência e tecnologia no Brasil. Inclusão Social, Brasília, v. 5, n. 1, p. 68-77, 2011.

OLIVEIRA, A. et al. Gênero e desigualdade na academia brasileira: uma análise a partir dos bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq. Configurações, v. 27, p. 74-93, 2021.

OLIVEIRA, M. M. et al. Conciliando a carreira docente e família: um estudo comparativo entre professoras de instituição de ensino superior pública e privada. Oikos, Viçosa, v. 26, p. 69-102, 2015.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. Women in science. UIS Fact Sheet, nº 75, 2019. Disponível em: http://uis.unesco.org/sites/default/files/documents/fs55-women-in-science-2019-en.pdf. Acesso em: 13 dez. 2021.

PINTO, É. J. S.; CARVALHO, M. E. P. de; RABAY, G. As relações de gênero nas escolhas de cursos superiores. Revista Tempos e Espaços em Educação, Sergipe, v. 10, p. 47-58, 2017.

PRADO, J. P. Scientific production of researchers with doctorate in Brazil and abroad: gender differences in the area of Ecology. Revista Brasileira de Pós-Graduação, v. 11, n. 25, p. 709-727, 2014.

REIS, S. M. A. de O., AGUIAR, S. G., PAES, V. N. O ingresso feminino na universidade: ambições, dificuldades e o desejo de prosseguir. Revista Tempos e Espaços em Educação, Sergipe, v. 13, n. 32, e-12977, 2020.

REZENDE, D. L. Mulher no poder e na tomada de decisões. In: FONTOURA, N.; REZENDE, M.; QUERINO, A. C. (orgs.). Beijing +20: avanços e desafios no Brasil contemporâneo. Brasília: IPEA, v. 1, p. 299-368, 2020.

RIEDNER, D. D. T.; PISCHETOLA, M. Cultura digital, capital cultural e capital tecnológico: uma análise das práticas pedagógicas no ensino superior. Eccos Revista Científica (on-line), v. 57, p. e15907, 2021.

SCHIEBINGER, L. O feminismo mudou a ciência?. São Paulo: EDUSC, 2001.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, v. 20, n. 2, p. 71-99, 1995.

SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA. Ciência & Mulher. 2021. Disponível em: www.cienciaemulher.org.br. Acesso em: 11 nov. 2021.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. Centros e institutos de ciências. 2021a. Disponível em: https://www.ufv.br/centros-e-institutos-de-ciencias/. Acesso em: 18 nov.2021.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. Relatório UFV. 2021b. Disponível em: https://www.dti.ufv.br/relatorioufv/tabela44.asp?tipo=a. Acesso em: 18 nov. 2021.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. (2021c). Sistema acadêmico da Pós-Graduação - ACADEMICOPG. Viçosa, 2021. Disponível em: https://www.ppg.ufv.br/?page_id=327. [Acesso restrito].

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. (2021d). Sistema Eletrônico de Informações (SEI). Disponível em: https://www.sei.ufv.br/. [Acesso restrito].

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##


Como Citar

GOMES GOUVÊA, T.; DE CARVALHO FIÚZA, A. L. Desigualdades de gênero na carreira docente: fatores intervenientes. Revista Brasileira de Pós-Graduação, [S. l.], v. 18, n. especial, p. 1–27, 2023. DOI: 10.21713/rbpg.v18iespecial.1887. Disponível em: https://rbpg.capes.gov.br/rbpg/article/view/1887. Acesso em: 3 jul. 2024.

Seção

Dossiê Temático

Publicado:

set. 14, 2023
Palavras-chave:

Agricultural Sciences. Gender. Superior Magisterium. Women in Science. Ciencias Agrícolas. Género. Magisterio Superior. Mujeres en la ciencia. Ciências agrárias, Gênero, Magistério superior, Mulheres nas ciências

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.